OLVIDO
Desce por
fim sobre o meu coração
O olvido.
Irrevocável. Absoluto.
Envolve-o
grave como véu de luto.
Podes,
corpo, ir dormir no teu caixão.
A fronte já
sem rugas, distendidas
As feições,
na imortal serenidade,
Dorme enfim
sem desejo e sem saudade
Das coisas
não logradas ou perdidas.
O barro que
em quimera modelaste
Quebrou-se-te
nas mãos. Viça uma flor...
Pões-lhe o
dedo, ei-la murcha sobre a haste...
Ias andar,
sempre fugia o chão,
Até que
desvairavas, do terror.
Corria-te um
suor, de inquietação...
Camilo
Pessanha